“Em breve, e 2030 está à porta, o Mundo poderá ter de enfrentar uma profunda crise alimentar global. (…) calcula-se que terá que se produzir mais de 50% de alimentos do que agora! Actualmente, as reservas alimentares no Mundo já estão num mínimo histórico de 30 dias, quando há uns anos era de 90, e mesmo os países ricos já não são auto-suficientes do ponto de vista alimentar, devendo importar 30 a 70% das suas necessidades alimentares.”
Fernando Nobre, Humanidade
Um pouco por todo o mundo, a escassez de alimentos, conjugada com a constante e imparável explosão demográfica, estão a criar condições para uma situação potencial tão explosiva como o aumento radical do preço do petróleo que se sucederá ao Pico Petrolífero que estamos hoje a viver.
A tomada de uma percentagem crescente das terras aráveis por culturas industriais de produção de biocombustíveis – motivada pela alta de preços do petróleo – tem com o Pico condições acrescidas para se desenvolver, impondo assim uma tensão ainda maior na produção alimentar num globo onde a explosão demográfica continua a ser um fenómeno imparável na maioria dos países em desenvolvimento.
A saída – a prazo – parece ser dupla: redução da explosão demográfica e aumento da produção agrícola de alimentos. Mas esta solução dupla é também uma dificuldade dupla: nem mesmo a autoritária China conseguiu reverter (ou mesmo travar) o crescimento da sua população. E o aumento da produção está bloqueado pela exaustão das terras aráveis no globo, pela escassez de água utilizável e pelas alterações climática. A curto prazo apenas a massificação da culturas transgénicas pode responder a este incremento das necessidades globais de alimentos. Mas a que preço? Com que impactos no Homem e no Meio Ambiente? E tornando os agricultores dependentes de que corporações agro-industriais para a obtenção de sementes? Ou seja, a alternativa tem tudo para ser tão indesejável como de… incontornável.
Filed under: Fernando Nobre, Política Nacional, Portugal